terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Futebol Recordação: São Paulo campeão brasileiro de 1986


Como já estava nos planos do blog Pitacos do Bodaum, conhecemos o campeão de 2009 antes mesmo de terminarmos essa série que fala sobre todas as edições do Campeonato Brasileiro. E este foi o Flamengo.

Aproveitando o ocorrido, sem discutirmos méritos ou qualquer outro assunto do Brasileirão deste ano, aproveito para convidar os amigos a passarem neste espaço para a última postagem desse ano, que será justamente sobre a polêmica envolvendo Flamengo e Sport e a Copa União de 1987.

Mas, essa semana o Futebol Recordação falará sobre o campeonato de 1986 e o título do São Paulo.

São Paulo, campeão brasileiro de 1986


Ao iniciar a década de 80, o São Paulo começa a preparar desde as categorias de base os chamados Menudos do Morumbi, em alusão a banda porto-riquenha Menudo, que contava com o técnico Cilinho no comando.

E esse tratamento se deveu pelo fato do time ser formado em sua essência por muitos jogadores vindos da base. Entre eles, o atacante Muller.

Esse time vinha numa crescente, conquistando o bicampeonato paulista em 1980 e 1981, e também em 84 e 85.

Após passar por uma fase desagradável na carreira, com lesões e até mesmo problemas de saúde, Careca vinha recuperando seu prestígio tendo sido vice-artilheiro da Seleção Brasileira no Mundial de 86. Na volta para o tricolor, onde ia disputar o Brasileirão daquele ano, chegava com moral.

E uma mudança considerável para a disputa foi no comando técnico. Depois de anos no São Paulo chegando a ser o comandante dos Menudos do Morumbi, Cilinho deixava o cargo de treinador. Para seu lugar chegava José Macia, o Pepe.

Fatos Curiosos

Em 87, quem foi o campeão? Flamengo ou Sport? Leia bem os fatos curiosos da edição de 1986, para na semana que vem, entender tudo o que ocorreu na Copa União de 1987.

Para muitos, o ano de 1986 teve o Brasileirão mais bagunçado da história. Tudo começou com a CBF unindo a Taça de Ouro, de Prata e de Bronze numa única competição. O resultado de tudo isso? Tivemos 80 clubes na disputa.

Inicialmente, de acordo com o regulamento previsto, da primeira fase para a segunda, se classificariam 28 clubes dos grupos A-D (seis primeiros líderes de cada grupo, além dos quatro melhores no somatório das classificações do grupo) e quatro dos grupos E-H (líder de cada grupo), que formariam um total de 32 equipes. Mas infelizmente, não foi assim que aconteceu a transição da primeira para a segunda fase do Campeonato Brasileiro de 1986.

O Vasco, que acabada a primeira fase já seria eliminado da competição de acordo com a classificação, entrou na Justiça Comum. O objetivo do clube carioca era a eliminação do Joinville que no dia 29 de setembro, empatou em 1x1 com o Sergipe, porém, contando com a atuação de um jogador reprovado no exame anti-doping. Com a anulação dos pontos (na época, um empate valia dois pontos), o Joinville automaticamente perderia a sua vaga para o Vasco da Gama.

Em resposta, o clube catarinense também entrou na Justiça Comum alegando que tal eliminação sob juízo não constava no regulamento assinado por todos os clubes no início do torneio.

Diante da confusão armada, chegando a processos na Justiça, a CBF tomou uma decisão que seria definitiva. Joinville e Vasco da Gama se classificariam, enquanto quem perderia a sua vaga seria a Portuguesa de Desportos sendo penalizada por também ter entrado na Justiça Comum por conta de uma questão envolvendo venda de ingressos. Segundo a Confederação Brasileira de Futebol, tal situação deveria ser resolvida na Justiça Desportiva.

Acontece que a definição de eliminar o clube paulista gerou uma revolta total em São Paulo. Imprensa, clubes e Federação Paulista se uniram em torno da Lusa. Sob protesto, houve a ameaça de todos os times da cidade que participavam da competição abandonarem o Campeonato Brasileiro de 1986, inclusive São Paulo e Guarani, que acabariam fazendo a final.

Toda essa confusão fez a CBF tomar nova decisão: Vasco, Joinville e Portuguesa estavam classificados para a segunda fase.

Quando tudo parecia voltar à normalidade e que o torneio (paralisado por conta de toda essa confusão) voltaria a acontecer, eis que surge outro problema. Membros da CBF resolveram entrar em confronto interno. O número – ímpar – de 33 classificados para a segunda fase tornou praticamente impossível a montagem da tabela seguindo ainda o regulamento original.

Mais uma vez, foi tomada uma nova decisão. Ficou decretado que seriam abertas mais três vagas de times vindos dos grupos A-D. Esses, de acordo com a classificação, foram Santa Cruz, Náutico e Sobradinho. Com 36 clubes, a tabela foi feita e o campeonato pode seguir.

A leitura desses “Fatos Curiosos” do Brasileirão de 1986 contribui para o entendimento do que aconteceu na Copa União de 1987 envolvendo toda a polêmica de quem foi o verdadeiro campeão, entre Sport e Flamengo.


Regulamento

Grupos A-D: Eram 44 equipes divididas em quatro grupos de 11 times cada. Jogando em turno único dentro de cada chave, classificavam-se os seis líderes de cada grupo, além dos oito mais bem colocados do somatório geral das chaves.

Grupos E-H: Enquanto os quatro primeiros grupos contavam com uma espécie de primeira classe do futebol brasileiro, os grupos E e H ficavam com o ‘restante’. Eram 36 times divididos em quatro grupos de nove, cada. Jogando todos contra si dentro de cada chave em turno e returno, classificavam-se para a fase seguinte o líder de cada grupo.

Inicialmente, de acordo com o regulamento, a segunda fase contaria com 32 equipes, porém, dada a confusão total com Justiça Comum envolvendo Vasco, Joinville e Portuguesa, ficou decidido que seriam 36 times. Foram quatro grupos com nove times, cada. Jogando todos contra si dentro de cada chave em turno e returno, classificavam-se para o mata-mata o líder de cada grupo.

As oitavas, as quartas, as semis e as finais aconteceram em jogos de ida e volta. O time que fizesse o maior saldo de gols na soma dos confrontos, passava adiante.

A grande final


O São Paulo pegou um time muito forte na final. O Guarani (que buscava o segundo título nacional) era formado por jovens jogadores, dentre eles o atacante Evair (22 anos) mas que desde cedo já demonstravam qualidade e disposição.

O Bugre tinha a melhor campanha da competição com 21 vitórias em 34 partidas, tendo perdido em apenas duas ocasiões. Mas o Tricolor tinha um astro que também já tinha feito história pelo adversário dessa final, que era o atacante Careca que naquela altura da carreira, era o principal centroavante de Seleção Brasileira.

Mais de 80 mil pessoas compareceram ao Morumbi para assistirem a primeira final de um campeonato que poderia até não ter terminado.

O primeiro tempo foi bem disputado, com o São Paulo se fechando bem na defesa e saindo com passes rápidos. Enquanto o Guarani jogava nos erros do oponente. Mas mesmo assim, todos foram para o vestiário com o 0x0 no placar.

No segundo tempo logo aos 15 minutos, Evair abriu o placar para o time do interior. Mas não deixando a comemoração durar muito tempo, o São Paulo empatou quatro minutos depois com ele, Careca, que marcava contra o clube que o revelou para o mundo do futebol.

Com igualdade no placar, os dois times entraram em campo mais uma vez no Brinco de Ouro da Princesa, em Campinas. E o público presente viu emoções na segunda partida decisiva logo de cara. Aos dois minutos, o Guarani abriu o placar com Nelsinho marcando gol contra seu próprio time.

Novamente precisando correr atrás para alcançar o empate, o São Paulo também não tardou. Curiosamente, o gol tricolor também foi contra, marcado pelo zagueiro bugrino Ricardo Rocha.

O segundo tempo teve uma visível superioridade dos campineiros. Inclusive, o árbitro José de Assis Aragão não deu um pênalti pro Guarani que até hoje ainda gera reclamação por parte dos torcedores do Bugre.

Com mais um empate, a final foi para a prorrogação. Adivinhem qual foi o resultado? Sim, mesmo na prorrogação, cada time fez um gol, gerando o que podemos chamar de um terceiro empate por 1x1. Não teve outro jeito. Tudo teve mesmo que ser resolvido nos pênaltis.

Para o Guarani, Boiadeiro e Tosin erraram as cobranças. Para o São Paulo, o único que desperdiçou a chance foi justamente o atacante Careca. Mas mesmo assim, com 4x3 nos penais, o tricolor pode comemorar mais um título de campeão brasileiro. Festa principalmente na capital do Estado paulista!

Dados do jogo final

Guarani 3x3 São Paulo (3x4 pênaltis)
Local: Brinco de Ouro da Princesa (Campinas)
Juiz: José de Assis Aragão (SP)
Renda: CZ$ 44.222,00
Público: 37.370 espectadores

São Paulo


Em pé: Fonseca, Gilmar, Basílio, Dario Pereyra e Bernardo.
Agachados: Muller, Silas, Careca, Piter e Sidney.

Guarani: Sérgio Néri; Marco Antônio, Valdir Carioca, Ricardo Rocha e Zé Mario; Tosin, Tite (Vagner) e Marco Antônio Baiadeiro; Catatau (Chiquinho Carioca), Evair e João Paulo
Técnico: Gainete

Campanha do campeão

Em 34 jogos o São Paulo saiu vitorioso em 17, empatou em 13 e saiu derrotado em quatro. Balançou as redes 62 duas vezes e sofreu gol por 22 vezes.

Jogadores que fizeram parte da campanha

Goleiro: Gilberto, Gilmar e Zé Carlos
Laterais: Daniel, Éder Taino, Nelsinho e Zé Teodoro
Zagueiros: Adilson, Dario Pereyra, Fonseca, Oscar, Ronald e Wagner Basílio
Meio Campistas: Bernardo, Márcio Araújo, Pianelli, Pita, Quinho, Rubinho, Silas e Vizzoli
Atacantes: Careca, Claudemir, Muller, Rômulo, Sidney e Tangerina
Técnico: Pepe

Abaixo foto das placas de fundação do São Paulo Futebol Clube:

6 comentários:

Gremista Fanático disse...

Na boa cara, chega ate ficar com raiva de ler essas palhaçadas que a CBF fazia com os regulamentos no futebol brasileiro, muito bagunça. Mas o São Paulo não teve nada a ver com isso e foi lá e papou o titulo, abraço.

Saudações do Gremista Fanático

Claudio Henrique disse...

Grande São Paulo de Careca, Pita e Silas. Aquele foi o segundo de muitos títulos que viria depois.

Abraços

Rafael Sobieski disse...

Pra ser HEXA tem que ser PENTA, esse foi o segundo dos seis. Pena que não tive a oportunidade de acompanhar esse time, mas segundo relatos históricos o Menudos do Morumbi só foi menos superior que a Era Telê.

To doidinho pra ler sobre 1987 e ver o Sport campeão!!

São Paulo Futebol Clube
77*86*91*06*07*08
HEXA ÚNICO

AF Sturt Silva disse...

Estou esperando o de 1987,capricha camarada.

Filipe Lima disse...

Assisti aos melhores momentos deste jogo e foi uma partida cheia de emoções. Das mais marcantes finais de Campeonato Brasileiro.

Abraços!

Vitório Botega disse...

Você saberia me dizer a ficha técnica do 3º goleiro do SP (Gilberto) que participou da campanha do título de 1986?