terça-feira, 8 de setembro de 2009

Futebol Recordação: Internacional campeão brasileiro de 1975


O Bodaum do blog Pitacos está sorridente. E como se não bastasse o sucesso dos dois quadros do blog “O Futebol Recordação” e o “Conhecendo a Vizinhança”, o bicho está achando que é gente. Primeiro porque no quadro que entrevistamos os blogueiros, ele está sabendo um pouco mais sobre a história dos blogs da blogosfera. Segundo, porque neste quadro das terças-feiras, ele está tomando conhecimentos das histórias de todas as edições do Campeonato Brasileiro e seus respectivos campeões.

Nesse de hoje, mais uma história marcante do nosso futebol. O Campeonato Brasileiro de 1975 reservou muitos acontecimentos particulares para os Colorados e os amantes do futebol em geral. E para completar essa alegria de se fazer essa série de posts sobre os campeões, mais abaixo você verá uma surpresa que o Pitacos do Bodaum disponibilizará para seus leitores.

Internacional campeão brasileiro de 1975



Foi o ano em que o Brasileirão não teve um time campeão. Exatamente, quem viveu não pôde ver um time ser campeão nacional. Na verdade, viu uma verdadeira seleção que não encantou apenas o lado vermelho do Rio Grande do Sul, mas sim ao país inteiro. Após os brasileiros tomarem um pouco mais de conhecimento do Inter, era comum ver estádios de outras cidades lotados nos jogos do Colorado. Não por causa do time da casa, mas por causa do ilustríssimo visitante. Desde muito cedo, havia um frisson de que aquele time era o virtual campeoníssimo.

E o que podemos chamar de exército vermelho do Sul começou a ser montado bem antes daquele campeonato. Em 1969 foi inaugurado o Gigante da Beira Rio, que estrategicamente foi criado para ser o palco de um time que se tornaria cada vez mais vencedor. A intenção não era ganhar um Brasileirão em algum ano, mas sim, se tornar o maior time do país.

Em 1971 um dos principais nomes daquele time chegaria á Porto Alegre para fazer história e se eternizar nas mentes de uma legião apaixonada. Figueroa chegava pra ser o novo zagueiro, astro, ídolo, ícone do Internacional. Em 1974, também vieram para tornar o time mais forte, o ponta-esquerda Lula, oriundo do Fluminense e o goleiro Manga, de saiu do Nacional de Montevidéu pra virar o titular absoluto no Inter. Já no ano do título, também chegaram os atacantes Flavio Almeida e Flavio Bicudo.

Fatos curiosos

Pela primeira vez um time do Nordeste chegaria realmente longe na competição. O Santa Cruz-PE foi até a semifinal, sendo eliminado pelo Cruzeiro. Detalhe: na terceira fase, o Santa havia terminado na liderança do seu grupo, que contava com a presença do Internacional.

Pela primeira vez, não tínhamos um representando do eixo Rio-São Paulo na final. Nas semifinais, o Fluminense havia sido eliminado pelo Inter.

Passada a Copa do Mundo de 1974 em que o Brasil não foi campeão, o governo militar, dessa vez, não fez muita força, mas mesmo assim conseguiu incluir mais dois times na disputa. Se antes tínhamos 40, em 75 passamos a ter 42 clubes no Brasileirão. O Estado de Goiás ganhava mais uma vaga e o da Paraíba, tinha a oportunidade de estrear um time na principal competição de futebol do país.

No regulamento, uma mudança diferente. Os três pontos em caso de vitória, já começava a surgir no futebol brasileiro. Mas nesse ano, funcionava da seguinte forma: o vencedor somaria dois pontos, porém, se o placar pro vitorioso fosse de dois gols ou mais, daí o saldo passaria a ser de três pontos.

Regulamento

Sem critério de renda para desempate, o Brasileirão de 1975 foi dividido em três fases mais a final. Entre a segunda e a terceira fase, uma das mais novas invenções da CBD: a repescagem.

Na primeira fase, tivemos quatro grupos. Dois com dez clubes, outros dois com onze. Os cinco primeiros times de cada grupo passariam para a segunda fase. Os demais, para a repescagem.

Na segunda fase, dois grupos com dez times cada um. Os seis primeiros de cada chave passariam para a fase seguinte.

A repescagem foi um consolo praqueles que não obtiveram um bom desempenho na primeira fase. Com quatro grupos (dois tinham cinco times, outros dois tinham seis), se classificaram para a terceira fase o líder de cada chave.

Na terceira fase, eram dois grupos com oito times cada. Os dois primeiros, fizeram a semifinal.

A grande final: o gol iluminado provocou o carnaval vermelho



14 de dezembro de 1975. O Estado do Rio Grande do Sul, com milhares de testemunhas no Beira-Rio, presenciavam as indiscutíveis duas melhores equipes do futebol brasileiro daquele ano. O Internacional havia eliminado o Flu num jogaço pelas semifinais e o Cruzeiro, num 3x2 emocionante, havia mandado o Santa Cruz de volta pro Pernambuco mais cedo. Ou tardiamente, como preferir...

Mas o ultimo jogo desse campeonato, foi O JOGO. De um lado, uma seleção azul comandada por Nelinho, Piazza, Zé Carlos e Palhinha. Do outro, uma seleção de vermelho. Era nada mais, nada menos do que nomes como Carpegiani, Valdomiro, Manga, Falcão e claro, ele, Figueroa, responsável por um gol inesquecível para todos os torcedores Colorados.

Os dois excelentes times estavam se respeitando demais. Apesar da famigerada vontade de ser campeão e desfazer um feito, que para os cruzeirenses foi injustiça (perda do título de 74), era preciso reconhecer a força do rival daquela tarde. Enquanto isso, o Inter, apesar de ser o grande time daquele ano, sabia que do outro lado não tinha nenhum bobo. Muito pelo contrário. O Cruzeiro estava sendo igualmente elogiado pela crônica especializada momentos antes da final.

Mas no segundo tempo, aos 11 minutos, o golpe de misericórdia. Piazza fez falta em Valdomiro ao lado da área. Era um mini escanteio. Aquela tarde em Porto Alegre estava nublada, com nuvens cruzando o céu e a todo momento o perigo de chuva no ar. No campo, exatamente na área de ataque do Inter na segunda etapa, havia um feche de luz, que era a única parte do campo que recebia iluminação do sol, escondido no céu nublado. E foi lá que o próprio Valdomiro cobrou a falta, encontrando Figueroa que subiu e fez o gol do título pro Internacional. Não foi um simples gol, mas O Iluminado. Abaixo, a grande surpresa dessa série. Aperte o play e escute esse gol na narração do lendário Haroldo de Sousa, da Rádio Gaucha:



Dava-se início a um verdadeiro carnaval vermelho nas ruas de Porto Alegre. Mas já nas dependências do Beira-Rio, os mais de 80 mil pulavam, gritavam, comemoravam a consagração do time sensacional, formado pelo Internacional.

Nas nossas pesquisas para esse post, podemos tomar conhecimento de um diálogo um tanto engraçado entre uma mulher totalmente por fora dos acontecimentos do futebol, mas que morava próximo ao Beira-Rio, com seu filho gremista, bastante entristecido com o feito do rival. Quando sua mãe chegou à janela e viu a multidão, ela comentou:

- Meu Deus, querem mesmo acabar com a ditadura. Meu filho, está havendo uma manifestação comunista aqui na rua!

O filho, com cara de poucos amigos, respondeu:

- Não mãe. É que o Inter acabou de ser campeão brasileiro.

Dados do jogo final

Internacional 1x0 Cruzeiro
Local: Beira-Rio (Porto Alegre)
Juiz: Dulcidio Wanderlei Boschilia (SP)
Renda: CR$ 1.743.805,00
Público: 82.568 espectadores

Internacional



Em pé: Valdir, Manga, Figueroa, Hermínio, Chico Fraga e Falcão.
Agachados: Valdomiro, Caçapava, Flavio Minuano, Carpegiani e Lula.
Técnico: Rubens Minelli.

Cruzeiro: Raul; Nelinho, Darci Menezes, Marais e Isidoro; Piazza, Zé Carlos e Eduardo; Roberto Batata, Palhinha e Joãozinho.
Técnico: Zezé Moreira

Campanha do campeão

Foram 30 exibições do time de gala que vestia vermelho. Os Colorados ficaram felizes com 19 vitórias e ficaram tristes com apenas três derrotas. Ficaram desapontados com oito empates. Soltaram o grito de gol 51 vezes. Lamentaram o Manga levar gol apenas 12 vezes.

Jogadores que fizeram parte da campanha

Goleiro: Manga
Laterais: Chico Fraga, Cláudio, Vacaria e Valdir
Zagueiros: Bereta, Figueroa, Hermínio e Pontes
Meio Campistas: Batista, Borjão, Caçapava, Escurinho, Escurinho II, Falcão, Jair, Luis Fernando, Paulo César Carpeggiani, Tadeu e Tião
Atacantes: Flávio, Lino, Lula e Valdomiro
Técnico: Rubens Minelli

Abaixo a foto da capa do livro de crônicas O Gol Iluminado, que contou com a colaboração de vários jornalistas. Eles descreveram cada um com a sua visão, o que representou esse feito na história do Sport Club Internacional.

14 comentários:

Filipe disse...

grande reportagem sobre o primeiro titulo do Inter com um gol iluminado de Figueroa
visitem meu blog:http://loucosdofute.blogspot.com/
vlw

Anônimo disse...

Inter era um timaço mesmo, Carpegiani, Figueroa e companhia era uma seleção.

Parabéns belo post.
Abraço

Visite
Esporte Revizuiri
http://blogdoesron.blogspot.com/

Michel Farias disse...

O Inter na época era realmente um dos melhores times do Planeta e por isso mereceu o campeonato...

Muito bom a iniciativa do Podcast, é sempre legal lembrar gols que marcaram épocas.

Abraço Hebert!!

_Vascao_ disse...

Falcão comia a bola, craque genial, um dos responsáveis por este título.
Abraço
Jeferson

Gremista Fanático disse...

Ai Hebert poderia ter pulado esse ano ai né cara? quer que eu diga o que? husahushaushauhsuahsuahsua, mas eu admito o Inter era uma maquina nessa epoca. abraço.

Saudações do Gremista Fanático

Claudio Henrique disse...

Impressionante o público que ia aos estádios naquela época. Os estádios eram mais cheios que hoje, dá até pena ver dos clubes quando vão 10 mil, 15 mil pessoas em seus estádios. Grande Inter, que pena que nunca pude ver esse grande time dos anos 70. Era um timaço, principalmente o de 79.

abraços

Gremista Fanático disse...

Husahsuahsuahsuahsuahsuahushaus, ta vendo brother eu sou o blogueiro mais rapido do oeste. abraço.

Saudações do Gremista Fanático

Marcela M. disse...

Wilson... excelente reviver esses momentos do meu time aqui...

Adorei o blog e obrigada pela visita lá no Nação Gigante...

Gostaria de manter contato com vc por email... Se desejar o meu é lela_semler@hotmail.com

Um grande abraço e saudações vermelhinhas *-*

Jefferson freire disse...

Nessa década de 70 só deu Inter. Prepare o acervo do Colorado.

Ta chegando a nossa vez...

Abção

Hj é aniversário do Leandro.

André Peixoto disse...

Essa novidade que você colocou ficou maravilhosamente bem, parabéns. Pena que foi mais um vice campeonato do Cruzeiro que contava com grandes craques como disse na postagem. Me desculpe por não ter visitado este post antes, estava um pouco o cupado.
Um abraço do Fã número 1 do Futebol Recordação.
MUITO OBRIGADO PELO APOIO.

Mateus Papini disse...

Isso não é um texto, isso é uma obra de arte!! MUUITO BEM FEITO ESSE TEXTO!

WH, texto magnífico!!

Sem contar que esse título do Inter foi fenomenal, ainda mais pq foi em cima das maria azul!! xD

Mateus Papini
www.galo-forte.blogspot.com
www.forzaatletibr.blogspot.com

rikrdoregert disse...

Kra.. mto massa a matéria! E qndo precisar d imagens do Inter pod pegar lah no meu blog sim..
Vlw ae! Abç

Vitório Botega disse...

Você saberia me dizer o nome do goleiro reserva do colorado na campanha do nacional de 1975?

Unknown disse...

O goleiro reserva do Inter no Nacional de 1975 era o Schneider , já falecido .